07/08/2024 às 09h27min - Atualizada em 10/08/2024 às 00h00min

Respeito à faixa de pedestre

Por Eliane Kihara, engenheira mecânica e especialista do Mova-se Fórum de Mobilidade

KASANE COMUNICAÇÃO
Eliane Kihara (arquivo pessoal)
O deslocamento a pé é um dos mais importantes meios de transporte urbano. Ele conecta todos os outros e permite que, quais sejam as condições, caminhemos para o ponto de ônibus, estações de trem e metrô, para o estacionamento ou diretamente para um destino final. Andar é eficiente, pois é saudável, não poluente, econômico e incentiva a interação com a cidade. Nesse cenário, as faixas de pedestre asseguram a travessia, contudo, embora existam leis que garantem a preferência de quem está a pé no trânsito, a cultura do desrespeito ao pedestre está enraizada.

Tudo isso gera riscos de acidentes, com consequências diretas no cotidiano da população e, até mesmo, na economia, com a necessidade de tratamentos médicos e consequente redução de produtividade. Tal situação pode ser verificada no índice nacional de atropelamentos que, em 2023, subiu 13%. Em nível estadual, tivemos o aumento de 21,36% apenas no primeiro semestre de 2023, totalizando mais de seis mil internações. Em Goiás, há cerca de cinco atropelamentos por dia e uma morte a cada quatro dias, resultante desse tipo de acidente.

Dados como esses demonstram que o fator comportamental da população tem influência direta no desrespeito à faixa de pedestre e aos limites de velocidade permitidos. Por essa razão, ações de conscientização são imprescindíveis para que haja uma mudança na cultura do goianiense. Exemplo de sucesso dessas iniciativas foram verificadas em Brasília, onde a faixa é um símbolo de respeito ao trânsito e vai se tornar patrimônio cultural e imaterial do Distrito Federal. Contudo, a conquista desse comportamento em Brasília foi gradativa e contou com a participação de diversos setores da sociedade.

Nos anos de 1995 e 1996, os números alarmantes de mortes na capital federal por atropelamento fizeram com que o governo local iniciasse o programa Paz no Trânsito, que foi impulsionado pelo Jornal Correio Braziliense. Durante a campanha, pelo menos uma matéria sobre a violência no trânsito era publicada. Tal sequência de notícias reverberou a tal ponto que gerou o envolvimento de toda a sociedade brasiliense, o que levou à formação de uma passeata de 25 mil pessoas reivindicando a paz no trânsito. Um ano após o lançamento da campanha, as mortes por atropelamentos em vias urbanas reduziram em 31,9%, comprovando o sucesso das ações de educação e fiscalização executadas.

Em 2024, a ação completou 27 anos e, em Brasília, praticamente todos os motoristas respeitam a faixa de pedestres. Além disso, a população também solicita a criação e auxilia na fiscalização da infraestrutura. O respeito à faixa de pedestres na capital federal é, portanto, um fenômeno social de sucesso que pode ser replicado em outras cidades, como em Goiânia. Porém, para isso, é essencial a integração entre governo, sociedade e mídia para prover segurança ao deslocamento a pé e qualidade de vida à população.

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CAROLINA OLIVEIRA DE ASSIS
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