16/03/2023 às 20h58min - Atualizada em 16/03/2023 às 20h58min

​A informalidade mundial no mercado de trabalho

Você já deve ter se perguntado por que o produto chinês é mais barato do que o produto brasileiro? Ora, a matéria-prima viaja mais de 32.000 km (ida e volta), e ainda assim é mais barato que do que industrializar aqui. Como pode isso? Daí você pensa, tem alguma coisa errada, não é mesmo?
Pois bem, temos aí dois problemas básicos, porém gritantes.
De um lado temos o Brasil que possui uma legislação tributária que quase inviabiliza a prática comercial regular, temos de outro lado a China, que é um país que praticamente não há regulamentação nenhuma. Não poderíamos dizer que não há nenhuma legislação trabalhista na China, pois ela exista, o problema é que não nada se cumpre, e o próprio governo apoia a indústria escravocrata chinesa.
Todos sabem ou pelos menos já ouviram falar de maus tratos, trabalho similar à escravidão na China, mas por algum motivo, ninguém se importa.
Eventualmente, alguma empresa é descoberta se utilizando desse subterfúgio para fabricar suas mercadorias, daí a imprensa publica uma ou duas matérias a respeito desse tema.
Por exemplo, em matéria publicada na Revista Exame de 17 agosto de 2022, pela agência francesa AFP, ela diz que “A natureza e o alcance do poder exercido sobre os trabalhadores - incluindo uma vigilância excessiva e condições de vida e trabalhistas abusivas - podem ser equivalentes à escravidão como um crime contra a humanidade, algo que exigiria análises independentes”.
Daí surge a grande questão, por que ninguém se importa com o trabalho escravo chinês? A resposta é simples, porém difícil de escutar e aceitar, pois nos torna hipócritas. Pois é simplesmente porque o produto chinês é barato e de fácil acesso. E outra coisa, eles estão lá na China e não aqui no Brasil, então o problema não é nosso.
Para você que lê essa coluna gostaria de dizer uma coisa. É PROBLEMA SEU, SIM.
Se você, assim como eu, ficou revoltado com as empresas que escravizaram os trabalhadores encontrados das vinícolas do Rio Grande do Sul, então deveria se revoltar com a indústria chinesa, também. Só assim, o governo chinês faria com que as indústrias de lá respeitassem seus cidadãos e o planeta.
Minha indignação não é no sentido de boicotar o produto chinês, mas sim de que haja pressão sobre o governo para que eles tratem dignamente seu povo.
Não se engane, se você compra um produto de origem suspeita, ou um produto da Nike muito barato, ou um Iphone pela metade do preço, ou um produto de alguém vende com uma lona no chão, ou mesmo sem garantia, então você corre o risco de fomentar o trabalho escravo ou análogo à escravidão.
Nós empresários que possuímos nossas próprias marcas não conseguimos competir com esse tipo de mercado, pois respeitamos a lei, aliás, muito mais do que isso, respeitamos o ser-humano e o planeta em que vivemos.
Em primeiro lugar devemos respeitar o ser humano com compaixão e dignidade. Isso é o mínimo que deveríamos esperar um do outro. Em segundo lugar, devemos respeitar nosso planeta.
Sim, o planeta em que vivemos, afinal se acabarmos com ele, vai acabar para todo mundo e não apenas para uma parte dele.
Aliás, alguém acha de verdade que existe um órgão como a CETESB para fiscalizar se uma empresa chinesa está ou não poluindo os rios e o ar?
Enfim, é claro que uma empresa chinesa que não paga imposto, que não respeita regras trabalhistas e ambientais irá produzir um produto muito mais barato do que uma empresa brasileira que respeita tudo isso.
Nesse mesmo sentido, poderíamos citar também o produto fruto de contrabando e a pirataria, que aí poderíamos encontrar não só na China, mas em qualquer lugar do mundo.
O que podemos perceber é que tudo isso depende de uma conscientização global e humanitária, e, ao invés de querermos tirar vantagem, deveríamos nos preocupar com o próximo e com nosso planeta. Só assim seríamos seres humanos de verdade.

Fauze Yunes
Presidente da ALOBRÁS

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