04/09/2024 às 15h50min - Atualizada em 07/09/2024 às 00h00min

Empresas devem priorizar a valorização da vida para prevenir tragédias

Setembro Amarelo reforça a necessidade das empresas se preocuparem com a saúde mental de seus colaboradores

PAULO UCELLI
Divulgação

O Setembro Amarelo é um período dedicado à conscientização sobre a valorização da vida e a prevenção do suicídio. Nesse ponto, as empresas possuem um papel fundamental, sendo que, mais do que apenas combater o suicídio, é primordial que as empresas se concentrem na valorização da vida de seus colaboradores, criando um ambiente de respeito e apoio, onde os funcionários se sintam ouvidos e acolhidos em momentos de dificuldade.

Um estudo divulgado em fevereiro de 2024 por pesquisadores da Escola de Medicina de Harvard (EUA) e do Cidacs/Fiocruz Bahia revelou que o Brasil registrou 147.698 suicídios entre 2011 e 2022, um aumento de 3,7% entre o período. A pesquisa, publicada no periódico The Lancet em 15 de fevereiro, também mapeou 104.458 casos de automutilação, que cresceram 21,13% no mesmo período.

Fato importante é que a maioria desses casos estão relacionados a transtornos mentais, como depressão, transtorno bipolar e abuso de substâncias. Assim, é importante lembrar que doenças mentais, que podem culminar em suicídio, não surgem de repente, mas se desenvolvem gradualmente ao longo do tempo. Nesse contexto, o papel dos parceiros de trabalho e das áreas de recursos humanos é crucial.

O ambiente de trabalho, onde muitos passam grande parte de suas vidas, não apenas pode ser um local onde os primeiros sinais de problemas são observados, mas também um espaço onde é possível diagnosticar e intervir eficazmente para prevenir crises.

Diante desses dados, as empresas, especialmente as equipes de recursos humanos, têm a responsabilidade de estar atentas a sinais de transtornos mentais que possam evoluir para suicídio. Intervir antes que esses problemas se agravem requer uma reavaliação das pressões e metas impostas aos colaboradores.

Tatiana Gonçalves, sócia da Moema Medicina do Trabalho, destaca que houve um aumento significativo de novas enfermidades, como transtornos de ansiedade, depressão, crises de pânico e Síndrome de Burnout. "Se não identificadas e tratadas adequadamente, essas condições podem evoluir para tentativas de suicídio", alerta.

Há duas décadas, a maioria dos afastamentos estava relacionada a acidentes de trabalho, lesões ortopédicas ou problemas de trajeto. Hoje, problemas psiquiátricos estão crescendo nas empresas, o que exige ações preventivas. "Especialmente entre os mais jovens, estamos vendo um aumento de problemas psicológicos que impactam diretamente no trabalho e no ambiente corporativo", explica a especialista.

Embora existam medidas para mitigar esses desafios, eles se tornam cada vez mais complexos. Tatiana Gonçalves observa que as doenças e transtornos relacionados ao risco de suicídio envolvem vários distúrbios psiquiátricos, caracterizados por preocupações excessivas ou persistentes com resultados negativos.

Principais causas e abordagens

Além de problemas pessoais que podem culminar nesses problemas, eles também podem surgir da intensa competitividade no local de trabalho, pressões inadequadas e a natureza intensiva das atividades desempenhadas. Entre as principais causas estão:

- Estresse profissional, envolvendo conflitos de competência, autonomia, relacionamento com clientes, realização pessoal e falta de apoio social de colegas e superiores.

- Fatores organizacionais, como sobrecarga de trabalho, desalinhamento entre os objetivos da empresa e os valores pessoais dos profissionais, além de isolamento social no ambiente de trabalho. Fatores pessoais, como relações familiares e amizades, também desempenham um papel.

Para enfrentar esses desafios, as empresas podem adotar diversas abordagens, como intensificar ações relacionadas à medicina do trabalho e focar no bem-estar dos funcionários. "Uma alternativa é criar grupos para compartilhar experiências, onde os participantes aprendem a lidar com situações e pessoas. Muitas vezes falta um departamento nas empresas para preparar as equipes e monitorar a situação", sugere Vicente Beraldi Freitas, médico, consultor e gestor de saúde na Moema Assessoria em Medicina e Segurança do Trabalho.

Tatiana Gonçalves enfatiza a importância de as empresas se aproximarem dos colaboradores desde o processo de contratação. Se algo preocupante for identificado, é essencial agir rapidamente e implementar medidas mais aprofundadas.

Dado o aumento desses problemas, é crucial reconsiderar condições que possam contribuir para esses transtornos. Isso envolve proporcionar melhores condições de trabalho, melhorar as relações profissionais e reduzir o isolamento.

Em certos casos, pode ser necessário conceder licença temporária aos funcionários afetados, reorganizar suas atividades, ou incentivá-los a investir em interesses externos, como passar mais tempo com a família, praticar exercícios físicos ou atividades relaxantes.

A ajuda médica também pode ser fundamental, especialmente diante de sintomas como depressão, crises de pânico, Síndrome de Burnout e ansiedade. A psicoterapia desempenha um papel importante ao auxiliar na compreensão das razões por trás da situação e na prevenção de comportamentos semelhantes no futuro.

Assim, as empresas devem desempenhar um papel fundamental na revisão das condições de trabalho e na busca pela qualidade de vida dos colaboradores, prevenindo que esses problemas comprometam o bem-estar dos funcionários e os resultados do negócio.


Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
Paulo Fabrício Ucelli
[email protected]


Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Comentar

*Ao utilizar o sistema de comentários você está de acordo com a POLÍTICA DE PRIVACIDADE do site https://novojorbras.com.br/.
Fale pelo Whatsapp
Atendimento
Precisa de ajuda? fale conosco pelo Whatsapp