17/07/2024 às 10h11min - Atualizada em 20/07/2024 às 00h01min

Dieta: quando o desejo de ser saudável se torna um risco para a saúde?

Especialista em escuta qualificada chama atenção para cobranças exageradas que provocam sérios danos à saúde mental de mulheres e jovens no país

Karina Pinto
Karina Pinto - Assessora de imprensa
Imagem de Freepik

Regras genéricas como "corte o glúten", "pare de beber leite e derivados" e "não coma carne" são frequentemente adotadas sem um diagnóstico médico adequado, ignorando características individuais importantes. Muitas vezes, com “orientações” obtidas na internet, e que podem levar à rejeição de alimentos que não eram os verdadeiros causadores de sintomas gastrointestinais ou do excesso de peso, gerando uma relação negativa entre emoções e comida. 

Segundo a psicanalista Amanda Souza, essa confusão emocional pode fazer com que alimentos inofensivos passem a causar sintomas apenas por questões emocionais. O resultado é uma relação muito ruim com a comida, o que pode evoluir para transtornos alimentares sérios. Um exemplo é o Transtorno Alimentar Restritivo/Evitativo (TARE), um distúrbio que pode levar a perda de peso, desnutrição, carências nutricionais, problemas sociais, ansiedade e depressão. 

“As dietas rígidas e restrições alimentares severas não apenas falham em tratar os sintomas corretamente, mas também criam uma confusão mental significativa. As pessoas começam a ver a comida como inimiga, levando a uma série de problemas físicos e emocionais. Além disso, a insistência em cortar certos alimentos sem uma justificativa médica adequada pode resultar em deficiências nutricionais graves.”, esclarece Amanda. 

Responsável pelo atendimento de pacientes que apresentaram essa confusão emocional entre o desejo de ser saudável e a necessidade de não comer, a psicanalista passou a estudar casos de distúrbios alimentares severos. “Comecei a notar uma paciente que fazia tratamento para ansiedade que estava regredindo, com episódios de ansiedade cada vez mais intensos, progredindo para um quadro depressivo. Após analisar o caso, percebi que a dieta restritiva era a origem daqueles traumas, o que exigiu um trabalho conjunto com a nutricionista da paciente. Além de trabalhar mais profundamente os conceitos sobre corpo, peso, gordura, aparência, foi preciso tornar a dieta alimentar mais flexível, o que funcionou muito bem.”, lembra. 

A ligação entre emoções e comida é profunda. Quando as pessoas associam alimentos específicos com sentimentos negativos, esses alimentos podem realmente começar a provocar sintomas físicos, apesar de não serem os causadores originais. Essa dinâmica cria um ciclo vicioso onde o medo e a ansiedade em relação à comida pioram os sintomas físicos e emocionais. “O medo de comer e passar mal, a ansiedade diante de um evento onde haverá um buffet e centenas de pessoas comendo, crises alérgicas ou a gordura que não desaparece mesmo após tanta dieta, tudo isso somado a falta real de alimentos saudáveis e necessários para o organismo geram um turbilhão de emoções capaz de provocar sérios danos à saúde mental.”, esclarece.  

Um caso recente de restrição severa de alimentos ganhou repercussão na internet após vídeos de uma influencer que pesa cerca de 25kg viralizar. Chinesa, a jovem aparece sempre dançando, exibindo a silhueta extremamente magra para seus mais de 40 mil seguidores, e repetindo que está feliz com sua dieta. Muitos fãs perguntam porque ela não aparece comendo, outros demonstram preocupação com a saúde da jovem. Morando na província de Guangdong, ela rebate os comentários sobre sua aparência, que entende serem negativos. O caso ganhou repercussão após um site americano divulgar informações sobre a jovem, que seria a responsável pela própria dieta. 

“Pessoas com esses perfis precisam de cuidados especiais, a exposição na internet não ajuda em nada o tratamento e ainda pode influenciar de forma negativa outros jovens. Para evitar esses problemas, é crucial adotar abordagens alimentares personalizadas que considerem as necessidades e características individuais de cada pessoa. Diagnósticos precisos e planos de alimentação equilibrados podem ajudar a prevenir a formação de distúrbios alimentares e a promover uma relação saudável com a comida.”, alerta a psicanalista. Conhecer o próprio corpo, seus limites e necessidades básicas, e consultar um profissional especializado antes de restringir por conta própria alimentos da rotina alimentar é crucial para evitar danos à saúde. 


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KARINA DA SILVA SOUZA PINTO
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