Arquivo pessoalEm meio ao caos cotidiano do trânsito nas grandes cidades, frequentemente nos deparamos com soluções tradicionais que parecem mais um paliativo do que uma resolução efetiva dos problemas. Goiânia, por exemplo, possui uma frota de 983.909 veículos de quatro ou mais rodas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o que significa mais de um carro para, pelo menos, dois habitantes. Uma situação que aumenta os problemas no trânsito. Nesse cenário, numa tentativa de desafogar as vias, viadutos e túneis são construídos, mas muitas vezes acabam por se tornar novos gargalos urbanos. Por isso, é hora de inovar, de pensar fora da caixa.
Uma das propostas que merece atenção é a conversão livre à direita nos semáforos. Essa medida pode reduzir o tempo de espera em cruzamentos e otimizar o fluxo de veículos, especialmente em horários de pico. Além disso, é uma solução de baixo custo e fácil implementação, que não demanda grandes obras de infraestrutura, uma vez que o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) já prevê essa permissão de conversão à direita, mesmo com o semáforo vermelho, desde que haja sinalização adequada para orientar sobre esse movimento do veículo.
Outra ideia que pode revolucionar o trânsito é permitir que motocicletas trafeguem nas faixas preferenciais de ônibus. Atualmente, os motociclistas são as principais vítimas de acidentes de trânsito no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, em 2019, mais de 11 mil pessoas morreram em decorrência de acidentes com motos, representando 33% do total de mortes no trânsito. Dessa forma, com essa possibilidade, os motociclistas teriam uma rota mais segura e rápida, diminuindo o risco de acidentes e o congestionamento nas demais faixas.
Além disso, a integração de sistemas de transporte público eficientes é salutar, como BRTs e Corredores Preferenciais, pois investir em modais de transporte coletivo que ofereçam conforto, segurança e pontualidade é essencial para incentivar a população a deixar o carro em casa. Nesse sentido, outra medida interessante seria a utilização de aplicativos de compartilhamento de viagens e caronas solidárias, estratégia que poderia ainda fomentar a economia colaborativa. Já a adoção de tecnologias inteligentes, como semáforos adaptativos que ajustam os tempos de sinalização com base no fluxo de tráfego em tempo real, poderia melhorar significativamente a fluidez do trânsito.
Portanto, é fundamental que as autoridades locais realizem estudos e planejamentos urbanos detalhados, considerando as particularidades de cada região e envolvendo a comunidade nas decisões. A participação cidadã é crucial para o sucesso de qualquer política pública, especialmente quando se trata de questões que afetam diretamente o dia a dia das pessoas. É imprescindível que haja uma conscientização geral sobre a importância da mobilidade sustentável, porque somente assim poderemos alcançar um trânsito mais seguro, eficiente e menos poluente.
Miguel Angelo Pricinote é Fundador do Mova-se Fórum de Mobilidade
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CAROLINA OLIVEIRA DE ASSIS
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