25/04/2024 às 15h50min - Atualizada em 26/04/2024 às 04h05min

A geração Z é a vilã do RH? Para especialista, gerir os zillenials têm mais semelhanças com as antigas gerações do que parece

Executivo com mais de 30 anos de experiência em RH, Marcus Vaccari defende que a adaptação é essencial para acomodar colaboradores de diferentes gerações em uma mesma empresa

Maria Teresa Mazetto
Triven

Os debates acerca da geração Z parecem longe de acabar, e especialistas de diversas áreas tentam entender os comportamentos desse grupo que chega ao mercado corporativo. Tais reflexões, porém, costumam cair em simplificações, atribuindo aos zillenials um perfil negativo, imediatista e volátil. Para Marcus Vaccari, executivo com mais de 30 anos de experiência no setor de RH, discussões sobre “qual geração é melhor no ambiente de trabalho” ignoram um ponto importante: na maioria das vezes, profissionais de diferentes idades têm as mesmas demandas; o que muda é a relevância de cada uma delas e  a forma como buscam atendê-las.

“Hoje em dia se fala muito sobre como a geração Z quer receber feedbacks, por exemplo. Eu também sempre quis ter esses retornos. Porém fazia sentido ter essa avaliação uma vez ao ano, entregue formalmente por escrito, de forma mais protocolar. Os mais jovens, muitas vezes, querem receber repasses com mais frequência, em mensagens instantâneas, de forma mais flexível. O desafio não está no que deve ser feito, mas no formato. Se as empresas conseguirem prestar atenção nisso, terão mais facilidade em conversar com diferentes gerações”, explica.

Depois de atuar por 27 anos na PepsiCo, onde ocupou o cargo de vice-presidente de RH para a América Latina, Marcus migrou para o mundo das startups. Desde 2023 atua na vertical de People as a Service (PaaS) da Triven, empresa especializada em serviços de backoffice para negócios inovadores. O PaaS é um serviço oferecido para startups que querem aprimorar sua gestão de pessoas sem precisar contratar uma equipe interna de RH. Por meio  de um squad de especialistas, a Triven atende as necessidades dessas organizações.

Com essa migração de carreira, Marcus pôde conhecer os extremos do mundo corporativo. Acompanhou tanto as dinâmicas de uma grande empresa e o estilo de trabalho de funcionários de gerações anteriores, quanto a rotina de novos negócios e de equipes compostas majoritariamente por profissionais da geração Z. Algo que ele notou ao longo dessa experiência foi como acontecimentos mundiais podem causar impactos muito distintos entre pessoas de uma mesma geração.

“Eu entendo que as gerações são muito mais marcadas por acontecimentos do que por um período de tempo fechado. Pessoas da geração Z que começaram a trabalhar antes da pandemia com certeza têm uma experiência diferente das que entraram depois. E a mudança não ficou restrita ao formato de trabalho, se é remoto ou presencial, se é mais ou menos digital. Começou a se falar muito mais sobre cuidados com a saúde mental, sobre o que as pessoas desejam para suas vidas e sobre os impactos disso no mercado de trabalho”, explica. 

Outro ponto que o executivo levanta é sobre as generalizações que costumam ser feitas acerca das gerações. “Se elas forem apresentadas apenas com um tom negativo, temos um problema. É claro que os mais novos serão mais imediatistas, eles nasceram num mundo que favorece isso. Mas não quer dizer que, necessariamente, têm um perfil ruim ou pior em relação à geração anterior. Apenas é diferente e precisamos nos adaptar a isso”, pondera.

Segundo o especialista, esses cuidados são essenciais para gestores que precisam melhorar o engajamento das equipes - um dos principais desafios enfrentados pelas empresas atendidas pela frente de People as a Service.

“É comum chegarmos nas startups e ouvirmos relatos  sobre a dificuldade em atrair ou reter talentos, por exemplo. Essa questão sempre existiu, independentemente da geração, mas a forma de abordá-la é que deve ser distinta de uma geração para outra. Em outras palavras, são problemas distintos, mas que exigem a mesma solução: adequar as ações de engajamento”, conta. Para isso, além de compreender o estilo de trabalho dos colaboradores, é preciso saber o que os motiva a ficar na empresa e colaborar para seu sucesso. “É a remuneração, o ambiente de trabalho, o propósito, as perspectivas de desenvolvimento e carreira, o estilo de liderança? Os líderes devem ter esse conhecimento”.

Marcus também relembra que as mudanças que estão ocorrendo irão afetar todas as gerações, não apenas os mais jovens.  Acho curioso quando pessoas de outras gerações no mercado de trabalho falam ‘no meu tempo era diferente’. Ora, o nosso tempo é agora. Nós ainda estamos produzindo, criando e, inevitavelmente, mudando. É nesse tempo de hoje que vivemos e com essa nova geração que trabalhamos. Ao invés de lamentar é preciso saber se adaptar para juntos sermos melhores”, conclui.


 
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