Terminou nesta sexta-feira, 19 de abril, a primeira temporada do projeto “Tenor Chorão”, que desde o início do mês realizou apresentações didático-musicais de Choro para escolas da rede pública de ensino do Distrito Federal. O objetivo é fomentar o acesso a esse estilo musical, recentemente reconhecido como patrimônio cultural do Brasil pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Além disso, o projeto visa reinserir o violão tenor no cenário do Choro em Brasília. A escola que recebe o projeto nesta sexta-feira (19), às 16h30, é a Guará – CED 04, que fica na QE 9, AE. D.
Apresentação em Taguatinga O instrumentista Nícolas Madalena, idealizador do projeto, conta que o violão tenor já foi muito presente na música brasileira. “Grupos como O Bando da Lua, que acompanhava Carmem Miranda, usavam o instrumento, assim como os Demônios da Garoa. Mas, a partir da metade dos anos 50, com o piano e o violão da Bossa Nova, e um pouco mais tarde, com os artefatos elétricos do rock, ele caiu em desuso”, destaca o músico que há 11 anos se dedica ao violão tenor, instrumento com proporção ligeiramente reduzida em relação ao violão e que dispõe de apenas quatro cordas.
Apresentação em Àguas Claras Além de Nícolas Madalena, o projeto é conduzido por outros quatro músicos, referências em seus instrumentos no cenário musical do DF como Nelson Latif (violão de sete cordas), Sidney Rosa (sanfona), Mariana Sardinha (cavaquinho) e Nathália Marques (pandeiro) e participação especial do bandolinista Marcelo Lima. “Nos últimos anos, a presença feminina na cena do Choro tem crescido bastante. Eu mesma participo de um regional composto apenas por mulheres que existe há sete anos (Regional Segura Elas), e desde nossa fundação, vejo cada vez mais grupos e instrumentistas surgirem e conquistarem espaços”, comemora Nathália.
Apresentação em Àguas Claras Concertos didáticos As apresentações, com duração de 60 minutos, atendem a estudantes entre 10 e 14 anos, além de pais e docentes, totalizando um público de aproximadamente 2 mil pessoas. Os concertos didáticos abordam a história do Choro, suas características musicais e a importância do violão tenor nesse estilo. Os alunos são convidados a participar ativamente, aprendendo sobre os instrumentos, os ritmos e as melodias do estilo musical. “Nossa expectativa é muito positiva em apresentar o Choro nas escolas. As crianças são mais atentas e abertas a conhecer o novo”, comenta Madalena. Outro enfoque que ele destaca do projeto é seu potencial de valorização da arte. “A ideia é usar o Tenor Chorão para ajudar a mudar a realidade social das pessoas, além da formação de plateia para este gênero musical tão brasileiro e que merece ser valorizado”, comenta.
No repertório dos concertos, músicas que passam pela história do Choro, de suas origens, na segunda metade do século XIX, até os dias de hoje: “Quinze de Julho” (Garoto); “Dengozinho” (Claudionor Cruz); “A Ginga do Mané” (Jacob do Bandolim); “Dedeira com Chocolate” (Paulo Ramos); e “Me Engana que eu Gosto” (Nícolas Madalena), entre outras. “São temas musicais que não fazem parte da realidade cultural dos estudantes. Por isso, as apresentações em cada escola pública trazem conhecimento, informação e despertam o público para a beleza e grandiosidade deste gênero musical genuinamente brasileiro, que representa nossa nação e traços da nossa identidade”, complementa o músico Nelson Latif.
Apresentação em Taguatinga Durante a temporada, as apresentações aconteceram em seis Regiões Administrativas do DF: Taguatinga, Águas Claras, Vicente Pires, Plano Piloto, Guará e Arniqueira. A escolha das escolas visa descentralizar as ações culturais e contemplar áreas com maior concentração de músicos e escolas de Choro. O projeto conta com o apoio do FAC - Fundo de Apoio à Cultura, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal.
Sobre os artistas do projeto
Nícolas Madalena É multi-instrumentista, compositor, pesquisador e um aventureiro musical, nascido e criado em Brasília. Toca cello, violão tenor, bandolim e baixo elétrico. É conhecido no cenário musical brasiliense pelo seu estilo único de tocar e por trabalhar com a linguagem da música popular. Como compositor foi finalista do concurso 7 Notes Challenge, de Serj Tankian. Gravou um disco em homenagem ao Canhoto da Paraíba. Também desenvolveu uma pesquisa sobre o violão tenor. Além do disco, possui dois singles, um EP e muitas parcerias em composições e projetos musicais.
Nelson Latif Músico, sociólogo e gestor cultural, trabalhou por 27 anos na instituição holandesa Uit de Kust, coordenando oficinas de percussão e de música brasileira para estudantes europeus. O músico dedica sua carreira especialmente à música instrumental brasileira e tem feito constantes turnês internacionais nos últimos anos. É um dos integrantes do Trio Baru, Camerata Caipira e de outros projetos culturais. É fundador do Coletivo Educação pela Arte.
Mariana Sardinha Marçal É graduada em Licenciatura em Música na UnB e formada pelo Curso Técnico em Bandolim na Escola de Música de Brasília. Toca flauta transversal, guitarra, cavaquinho, mas o gosto pelo samba e pela MPB a levou a experimentar instrumentos de percussão como o surdo, pandeiro e cajon. Pelo projeto Prata da Casa do Clube do Choro, tocou em diversas ocasiões juntamente com outros musicistas como o acordeonista Sivuquinha de Brasília, o flautista Sérgio Moraes e o bandolinista Tiago Tunes.
Nathália Marques É instrumentista, arranjadora, compositora. Natural de Brasília, iniciou seus estudos em percussão na Orquestra de Metais e Percussão do Instituto Grupo Pão de Açúcar. Aos 18 anos, ingressou no curso técnico em Percussão Erudita da Escola de Música de Brasília. Como percussionista orquestral, atuou em algumas das principais orquestras e bandas brasilienses. Participou de festivais de música nacionais tais como o Curso Internacional de Verão da Escola de Música de Brasília (edições 36ª a 42ª), 35º Festival de Música da UFSM, entre outros.
Sidney Rosa Amante da música desde muito cedo, Sidney Rosa hoje com 23 anos de carreira, vem cada vez mais ganhando espaço no cenário brasiliense. Começou sua trajetória como tecladista, depois também contra baixista atuando em trios de forró, bandas de baile e ao lado de cantores como Márcio Brasil, Beto Bandes e Di Brasil. Sua versatilidade e busca por novos desafios fez Sidney Rosa aprender um novo instrumento: o acordeão. Desde 2012, tornou-se também sanfoneiro.
Serviço:
Projeto Tenor Chorão - Temporada de 8 a 19 de abril de 2024 Próxima agenda:
19/04 - Guará | CED 04
Horário: 16h30
QE 9, AE. D, Brasília